EM 09 de fevereiro de 2023

Antes tarde do que nunca!

Novas regras de eliminação das gorduras trans em alimentos industrializados começaram a valer a partir de julho de 2021 e, em a partir de janeiro de 2023 o banimento dessa gordura é completo.

Após décadas de história, um impacto profundo na saúde e uma presença constante na vida dos brasileiros, o Brasil finalmente dá adeus à gordura trans na indústria.

Em dezembro de 2019, a ANVISA publicou a RDC 332/2019, que limita a utilização de gordura trans na indústria alimentícia para até 2% do total de gorduras do alimento, ou seja, a cada 100 g de gordura, apenas 2 g dela pode ser gordura vegetal parcialmente hidrogenada.

No mês de julho de 2021 essa regra passou a valer para todos os produtos alimentícios no Brasil. E a partir de janeiro de 2023, o banimento dessa gordura precisa ser completo.

A discussão acerca da eliminação da gordura trans na indústria não é recente.

Cerca de 18 anos atrás, em 2004, a Dinamarca foi o primeiro país do mundo a perceber o quanto o consumo dessa gordura podia ser prejudicial – e até mesmo fatal, eliminando de sua indústria.

Em seguida, Nova York, já em 2006, seguiu a mesma linha e adotou as mesmas medidas. Não foi surpreendente quando ambos perceberam uma redução considerável de mortes por doenças cardiovasculares nos anos que se seguiram.

O que são gorduras trans?

Gorduras trans são um tipo especial de gordura formadas durante um processo parcial de hidrogenação – sabemos, o nome parece complexo. Nesse processo, um óleo vegetal se torna uma gordura, uma forma mais barata e muito fácil de utilizar na indústria alimentícia.

Por que a gordura trans é prejudicial para nossa saúde?

O mais importante a entender é que esse processo de hidrogenação mexe com a estrutura dessa gordura, formando um tipo de ácido graxo que não é bem reconhecido por nosso corpo.

Não é à toa que o consumo de gordura trans acarreta sérios riscos a nossa saúde, afetando a qualidade de vida e levando a complicações sérias, como alterações no perfil lipídico, estresse oxidativo, dislipidemia, bem como o aumento do risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC.

Acredita-se que o consumo de gordura trans seja responsável por cerca de meio milhão de mortes por ano no mundo.

A gordura vegetal hidrogenada pode estar presente de forma natural – através de alguns alimentos de origem animal – ou em sua forma mais prejudicial – em alimentos ultra processados. Hoje em dia é facilmente encontrada em biscoitos, chocolates, sorvetes, salgadinhos, bolos, recheios, coberturas e diversos lanches de fast food. E não é à toa que esses alimentos são os preferidos de grande parte das crianças e adultos: a gordura trans oferece uma ótima estrutura, sabor e crocancia para as receitas, deixando-as mais atrativas.

O seu consumo é tão prejudicial, que nenhuma quantidade é considerada segura à saúde humana. Hoje em dia, a OMS “indica”, ou melhor, limita o consumo de gordura trans para, no máximo, 1% do total de calorias diárias.

Ou seja, em uma dieta de 2000 kcal, no máximo 2,2 g de gordura hidrogenada “poderia” ser consumida. E levando em conta os hábitos alimentares brasileiros, é uma quantidade relativamente fácil de ser alcançada. O melhor a se fazer é banir totalmente o consumo das gorduras trans.

Importante ressaltar que a exclusão da gordura trans dos alimentos ultra processados não faz deles uma boa opção para incluir na rotina alimentar.

Esses alimentos possuem um alto grau de processamento e refinamento, alto valor energético, excesso de gorduras saturadas, baixa quantidade de fibra, além de serem pobre em vitaminas, minerais e compostos bioativos.

Portanto a indicação é sempre optar pelos alimentos em sua forma natural, a conhecida “comida de verdade”.

Pra quem deseja uma imersão na cozinha pra aprender a cozinhar de maneira saudável ou aprender a colocar mais saúde no dia a dia, a NaturalChef possui cursos online e presenciais. Um dos cursos queridinhos dos alunos do mundo inteiro é o Diploma NaturalChef EAD, que ensina a ter mais autonomia na criação de receitas saudáveis com a ciência da nutrição, técnica da gastronomia e até módulos sobre empreendedorismo.

Você pode saber mais sobre esse curso por este vídeo:

Aqui abaixo, temos a bibliografia do texto que você acabou de ler, caso você queira se aprofundar mais nesse assunto.

IMPRENSA NACIONAL. RESOLUÇÃO – RDC No 332, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2019 – RESOLUÇÃO – RDC No 332, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2019 – DOU – Imprensa Nacional. In.gov.br. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/ dou/-/resolucao-rdc-n-332-de-23-de-dezembro-de-2019-235332281>. Acesso em: 28 Jul. 2021.

Gazzola J ; Depin M. H, Associação entre o consumo de gordura trans e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares(DCV), Revista Eletronica de Extenção, Florianópolis, v. 12, n. 20, p. 90-102, 2015

Merçon, F; O que é uma gordura trans ?, Quimica Nova na Escola , v. 32, n.2 ,
Maio 2010.

Brandon J. Restrepo aMatthias Rieger b Gordura trans e mortalidade por doenças cardiovasculares: evidências de proibições em restaurantes em Nova York , Journal of Health Economics, 2015. Disponivel em: https://www.
sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S016762961500106X?via%3Dihub

Brandon J. Restrepo, ,Matthias Rieger, Política da Dinamarca sobre gordura trans artificial e doenças cardiovasculares, American Journal of Preventive Medicine, 2015 Disponivel em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0749379715003281